Na
mansidão da noite
em
busca da imensidão do dia.
Na
noite o silêncio, onde fala a voz da consciência,
no
dia, a voz do acaso.
À
noite caminho,
no
dia eu ando,
em
ambos, eu busco
o
calor do corpo,
o
frescor da alma,
que
juntos completam a fonte da vida.
Nela
bebo,
sacio
a sede de ser,
de
saber,
de
ter, de viver.
E
vivo!
No
campo das flores,
no
rodamoinho das ondas,
mas
flutuo no ar,
como
se asas tivesse
e
pudesse voar.
E
voo!
Um
voo sereno
que
os tufões não abalam,
calam,
emudecem,
mas
persisto, e me deixo levar,
e,
no caminho, aprendo,
sorvo
o momento,
na
certeza de que não é o primeiro
nem
o último, mas o único.
Como
único, reverencio-o.
Observo
o seu passar,
com
ele vivo.
Muitas
vezes sobrevivo!
Mas
vivo.
Deixando
no ar o perfume da vida,
no
rastro do tempo, na chuva ou no sol.
Caminho
com o tempo
e
o tempo se vai ou fica.
Não
sei se ando ou voo,
mas
sei que persisto na busca de ser
um
ser.
Se
sou eu não sei.
Só
sei que guardo a lembrança da vida e vivo.
Que
amo com a plenitude da alma e aí me completo.
Divido
e sou dividido.
Busco
e me acho,
no
canto ou no centro, no espaço e no tempo.
Nos
trilhos e atalhos, conheço o caminho
e nele observo a vida passar.
E
com ela caminho,
sem
medo de errar,
pois,
na surpresa do ato,
está
o crescer.
E
crescendo estou
na
busca de ser um ser.
Se
sou, eu não sei.
Só
sei que caminho por terras distantes,
às
vezes eu ando,
em
outras, eu vôo.
De
uma coisa estou certo:
Eu
sempre existi.
Se
existo, estou vivo!
Mesmo
que o corpo descanse,
na
terra fria ou quente,
persisto
na caminhada, na luz que irradio,
ela
me guia
na
rota da vida
que
está além de ser um ser.
Quem
sou?
Eu
não sei!
Mas
sei que busco a forma de ser
a
integração com o Universo, e nele me diluo.
Quem
sabe um dia eu me encontre na verdade comigo,
e
daí me descubra.
Talvez.
(*) Fr. ++ A. N.
Extraído do livro “O Andarilho - A viagem rumo ao infinito” – Editora Mandala -
No catálogo geral leva o número – 969/9B. ISBN 85-319-0420-X.
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