“Se alguém me pergunta o que é Deus, eu não sei. Se não me pergunta,
eu sei”, essas palavras de Santo Agostinho que para o profano pode parecer sem
nexo, para o iniciado é clara como água cristalina que acaba de sair da fonte.
Santo Agostinho vem nos lembrar que não se pode traduzir o
encontro com Deus, apenas sentir e que sentir representa vivenciar. Assim sendo,
é preciso ter a consciência que esta é uma experiência única, que não pode ser
transmitida a outrem.
É impossível encontrar Deus fora de si se antes não O encontrar
dentro de si mesmo.
Não se busca a Deus. Deus é que encontra o homem quando este
se mostra para Deus.
Não se segue a Deus, se Deus não mostra o caminho ao homem.
Muitos acreditam que a religião salva, que ela leva o homem a
Deus. Nem uma coisa e nem outra. A religião visa religar, é como uma tomada que
necessita que o plugue seja encaixado para que surja a luz.
O encontro com Deus é como uma peregrinação em que o primeiro
passo é sempre o mais importante, O caminhar deve ser uma constância e o chegar
nem sempre é o término do caminho.
Quando o iniciado tira a venda de seus olhos, descobre que
existe um mundo paralelo antes imperceptível aos seus sentidos, assim dá ele o
primeiro passo em sua peregrinação. É como o cego de nascença cuja cegueira foi
curada pelo Mestre dos Mestres e viu descortinar à sua frente um novo mundo
cheio de cores e matizes.
Quando o peregrino compreende que a Palavra de Deus é loucura
para os homens, deixa de buscar entende-la através do intelecto e busca sentir
em seu coração e em sua alma o seu verdadeiro significado, assim passa a decorrer
a sua caminhada iniciática.
Quando a Palavra se torna viva dentro de si, não é quando ele
chega ao término de sua peregrinação, mas quando o caminho tem um reinício. O
caminho que antes era indicado pelas setas da matéria recebe uma nova
sinalização que indica a direção da evolução do espírito. Nesta hora ele
descobre que neste novo caminho não existe fim, que sempre estará iniciando uma
nova jornada na escala evolutiva do espírito.
O Universo de Deus não é uma obra acabada, está em constante
expansão, tal qual deve ser a consciência do iniciado que deseja conhecer o
Graal.
Saber que nada sabe é sempre a melhor forma de descobrir o
que não se conhece.
Não se pode formar um iniciado, da mesma forma que não se
pode ensinar ao outro a amar, a ser alegre, a conhecer a Deus.
Todo o processo evolutivo do iniciado depende dele mesmo, de
mais ninguém, o que a Ordem pode oferecer são os instrumentos para auxiliar na
construção de sua vida Crística, ou melhor do descobrimento de sua parcela
divina.
Toda iniciação representa a abertura de um novo portal, tanto
para o iniciando, como para quem participa daquele ato.
Nada é oculto aos olhos de Deus.
O bom coração é o campo fértil onde as sementes do amor
germinam, onde floresce a conexão com Deus e onde é produzido o fruto da árvore
da vida eterna.
Sem conhecer a si mesmo é impossível reparar as suas
deficiências, daí a necessidade de descobrir suas deficiências e combater uma a
uma segundo um plano que deve ser elaborado pelo próprio iniciado. Lembremos
que o homem é como uma casa em construção em que cada detalhe é importante para
evitar que as intempéries climáticas abalem a sua estrutura, cause rachaduras,
trincas e descubra o seu telhado fazendo com que essa casa venha a ruir.
Jesus, o Mestre dos Mestres exemplificou com Sua vida que não
se pode desviar da missão, que a missão é pré-estabelecida pelo Pai e que por
mais dura que possa parecer, todo aquele que confia e segue o caminho indicado
acaba encontrando a ressurreição, ou seja, uma nova vida na casa do Pai, visto
que lá “existem várias moradas”.
Quando ao profano é oferecida a oportunidade de adentrar nos
portais iniciático é preciso que ele abra o seu coração como se fosse uma terra
virgem pronta a receber a semente divina para que ela venha eclodir e se
exponha à luz visto que esta luz vai dar-lhe uma nova vida após a morte.
Quando se conhece a importância da boa terra no processo da
semeadura não se deve contaminá-la com os “agrotóxicos” da vida sejam eles em
forma de tóxicos e vícios seja com de ódio, rancor, raiva, ira, desamor, medo,
traição, covardia, vaidade, egoísmo e sentimentos desses tipos.
A boa terra deve manter-se estercada de amor, alegria,
benevolência, caridade, afeto, bondade, solidariedade, fraternidade,
compreensão e, acima de tudo deve ser regada com a fé visto que essa resulta em
uma confiança sem fim em Deus.
Aquele que pretende se tornar um Soldado de Cristo precisa compreender
que ao contrário a toda facilidade terá que enfrentar as tormentas da vida com
fé e confiança e, assim sendo, quando menos esperar poderá ver o Cristo
caminhando sobre as águas, acalmando a tormenta e tele-transportanto a nau de
sua existência à uma nova terra e a descobrir um novo céu que se abrirá para
ele.
Fr.A.N.
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