Desde o nascimento, o homem constrói sua vida formando ao
longo da trajetória o seu ego, que é quem lhe produz a personalidade. No
entanto, chegará o dia em que o verdadeiro dono daquele ser, o seu Eu Divino,
desperta e anuncia que quer assumir a sua casa, o "Templo sagrado do
Senhor", a morada do espírito.
Nesta hora, se inicia uma grande batalha entre o ego e o Eu.
O inquilino que vive desde o seu nascimento naquela “casa” e
que até então não lhe avisaram que ela pertencia a “outro dono”, irá luta com “unhas
e dentes” para permanecer ali com todos os seus vícios, defeitos e virtudes,
enquanto que o Eu Divino fará de tudo para reorganizar aquela casa, substituir as
mobílias velhas, remover a sujeira e tornar o ambiente mais limpo e puro para a
hora da viagem de volta ao lar celeste.
Não se limpa uma casa com uma única vassourada. É preciso que
a sujeira seja removida gradativamente, assim acontece com o renascimento
humano.
Primeiramente o inquilino da casa precisa descobrir que habita
em si o verdadeiro dono daquela casa. Depois, necessita compreender que aquela
não é uma simples casa, mas o “Templo Sagrado do Senhor”, uma habitação
sagrada, que não necessita de posses e acúmulos de bens materiais para acender
na escala evolutiva do espírito. A partir daquela descoberta inicia o
renascimento do homem e ninguém pode fazer este trabalho por ele. Será uma luta
pessoal onde só o despertar e a expansão da consciência poderão assegurar que ele
caminha na direção do desenvolvimento espiritual.
Descoberta a semente divina dentro de si, ela precisa eclodir
e depois germinar, surgindo daí o início da vida espiritual, o renascimento do
qual Jesus disse a Nicodemos ser necessário para o crescimento espiritual do
homem e a sua comunicação com o Pai.
Quando a semente eclode, vislumbra diante de si a luz que a
princípio a “cega”, mas que é fundamental para toda a sua fecundação e frutificação.
Aquela semente que vivia adormecida no ceio do homem ao eclodir
e encontrar a luz necessitará de um cuidado todo especial. Esse processo será
lento, gradativo e constante devendo a ele ser aplicado todo o amor, carinho e compreensão.
Isso vai requerer persistência e luta. Muita luta.
A semente é a centelha divina onde reside o espírito
adormecido. O eclodir representa o despertar do espírito. A partir de então é
preciso regar a terra com amor e carinho, fazendo com que a planta germine e
tenha vida, “vida em abundância” como anunciou o Mestre dos mestres.
Com o germinar da semente começam a aparecer os tenros brotos
que ainda são frágeis e requerem uma atenção especial para que a semente se
torne árvore e a árvore produza galhos, folhas, flores e frutos.
Os primeiros instantes do renascimento são preciosos e, toda
a atenção é pouca.
Quando a muda aparece no ceio da terra bendita, sente que um
mundo novo se abre à sua frente e que ela deve sempre mirar o seu olhar em
direção da luz que lhe proporciona vida e maior claridade. Nesta hora, as
outras sementes que ainda não eclodiram e que se acham adormecidas e sem vida,
julgam que aquilo não passa de uma ilusão.
Para que a planta siga em direção da luz é necessário que
sejam removidos de seu caminho todas as ervas daninhas, entulhos e entraves, ou
seja, tudo que antes a sufocava. Isso representa os vícios, a vaidade, o ódio,
o rancor, a raiva, o egoísmo e demais entraves que sufocam a evolução do
espírito.
Assim devem ser os primeiros passos do renascimento, daí
Jesus ter afirmado que é necessário “orar e vigiar”. É preciso fazer do vigiar
o templo sagrado da oração, onde este encontre eco nas ações do homem afim de
que as orações se fundam às suas ações, palavras e pensamentos, de forma que a sua
vida se uma à Grande Vida do Universo.
O renascimento é uma luta constante, que nunca cessa, haja
vista que o velho inquilino nunca vai querer deixar aquela casa, estará sempre
ali e se lhe for dada uma oportunidade vai querer interferir e retomar o seu
poder de influência e decisão.
Renascer é algo que acontece a todo o instante e que requer
uma atenção e um cuidado todo especial, para isso é necessário que se entenda
que não se pode sair de pertos da fonte da “Água viva” de onde provém a vida e “vida
em abundância”.
Fr. +++ Albino Neves
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