sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Uma criança me ensinou a caminhar



Quando eu nasci, lá pelo idos da metade do século XX, andar e falar com 9 para 10 meses era uma coisa incomum. Mas este foi o presente que Deus me deu.
Face ao meu desenvolvimento, alguém deixou perto de mim uma caixa de chocolates e eu a comi quase por inteira. Resultado, tive uma disenteria que por pouco não me levou à morte. Ainda bem que uma benzedeira curou-me e quando meus pais voltaram para agradecer constataram que ela nunca existiu. Bom isso é uma conversa longa. Faço esse prólogo apenas como introdução para narrar uma experiência que tive no Dia de Natal:
Estávamos distribuindo brinquedos e algumas cestas básicas pelos bairros da cidade, quando de repente uma mulher da janela de uma casa simples pediu um brinquedo para sua filha: Papai Noel disse a senhora: Pede a ela para vir pegar aqui! – Ela respondeu: “Ela não pode, esta aqui na cama!”. -  E foi aí que começou a nossa história!
Papai Noel chegou até a janela e viu uma menina deitada em uma cama. Logo que ela o viu seus olhinhos brilharam. Ele pegou uma boneca para doar para ela, mas movido por Deus perguntou: Você deixa eu ir até você? Sim, afirmou ela com a cabeça.
Ela estava deitada e sua mãe logo a colocou sentada.
Posso me sentar ao seu lado, pergunta o Papai Noel. Ela novamente consentiu.
Quem fora dar o presente não imaginava que seria presenteado.
A “menina” na verdade tinha 36 anos e nunca andara com suas próprias pernas.
As lágrimas desceram dos olhos do Papai Noel!
Deu-lhe a boneca e perguntou: Posso orar por você? E começou a orar em silêncio. De repente tudo se foi, um silêncio tomou conta do lugar, sentiu como se a quietude em que vivem os Irmãos se instalassem ali, se sentiu em um outro mundo.
A menina não andava mas conduziu Papai Noel por ruas, vilas, cidades, rios, montanhas tirando-o do chão por várias vezes.
Assim ele constatou que nem sempre são as pernas que nos conduzem, mas a nossa alegria de viver. Alegria que saltava aos olhos daquela que nunca dera um passo na vida. E ele aprendeu a andar tão cedo. A vida tem dessas coisas.
Aquela menina que nunca dera um passo parecia peregrinar constantemente pelos caminhos da vida, diferente de muitos que morrem em seu mundo de melancolia e tristeza.
Sua energia era contagiante. Seu sorriso quase surreal. Sua alegria transcendia o pequeno quarto. Ela parecia ser como o vento que viaja sem fim, sem nunca ser aprisionado pelas barreiras da vida.
Papai Noel desejou que muitas pessoas que reclamam por pequenas coisas pudessem assistir aquela cena. Viver aquele momento.
Desejou que muitas pessoas que criam seus fantasmas e se trancam em redomas de vidro, sempre expostas as intempéries do tempo, com risco de se arranharem e se quebrarem aprendessem o que é a fé em Deus, a gratidão pela vida que dEle se recebe.
A  menina parece que veio ao mundo ensinar aos outros a caminhar mesmo sem nunca ter dado um passo se quer.
Seu corpo retorcido pela deformidade da doença parecia ter uns 16 anos, menos da metade do que realmente tinha. Sua alegria de viver preservava seu corpo, não permitia que as rugas invadissem seu semblante.
Sua felicidade fazia com que ela saltitasse na cama e planasse no ar. Parecia um anjo que mesmo sem asas voava nas graças da vida.
Estar com ela fez com que todos os presentes se unissem na oração e que juntos sentissem seus corações baterem em um só compasso, que a alegria neles habitassem.  Ao saírem do quarto uma certeza ficou: Não temos o direito de reclamar das pequenas dores e nunca devemos deixar de dar graças pela graça da vida que recebemos, indiferente das circunstância em que nos encontramos, pois Deus sempre repousa Suas mãos sobre os seus filhos e sempre dá-lhes o cobertor conforme o frio.
Aquela menina me ensinou a caminhar. Me ensinou que para caminhar não é preciso sair do lugar, basta acreditar em Deus, deixar-se ser levado por Suas mãos, pelas asas do vento da imaginação. Nos garantiu que nossa mente pode nos conduzir aos jardins a contemplar suas flores, ou nos atirar nos espinhos, a sentir as pontas dilacerarem a nossa carne. A escolha sempre será nossa.
Sem que eu esperasse vi em seus olhos a alegria da vida, que muitas vezes se oculta nos olhos de quem vive a reclamar da graça da vida.
Sei que se existem anjos, ela é um deles. Voa como as borboletas por entre as flores da vida e como as águias pelas montanhas remotas.
Nada como os peixinhos dos rios e como as grande baleias transoceânicas.
Aquela menina sabe viver, ela deveria servir de exemplo para os que vivem a reclamar da vida. Para aqueles que vivem a se torturar em seus castelos de ouro gerando as doenças da alma.
Acho que quem reclama da vida, quem se sente infeliz, quem se abate nos pequenos tropeços deveria conhecê-la, deveria visitar um hospital de crianças portadoras de câncer e outras doenças terminais. Deveria buscar Deus dentro de si. Assim quem sabe se libertaria da pequenez de suas almas e acenderia aos espaços siderais de seu espírito.
Para ser curado ou ter amenizada as suas dores é preciso querer: “Jesus sempre perguntava: Queres ser curado?” E eu te pergunto: O que responderias? Sabendo que só a tua fé te salva.
Pense e responda para si mesmo! Afinal Deus está dentro de ti!
Fr. A.N.

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