Quando eu nasci, lá pelo idos da
metade do século XX, andar e falar com 9 para 10 meses era uma coisa incomum.
Mas este foi o presente que Deus me deu.
Face ao meu desenvolvimento,
alguém deixou perto de mim uma caixa de chocolates e eu a comi quase por
inteira. Resultado, tive uma disenteria que por pouco não me levou à morte.
Ainda bem que uma benzedeira curou-me e quando meus pais voltaram para agradecer
constataram que ela nunca existiu. Bom isso é uma conversa longa. Faço esse
prólogo apenas como introdução para narrar uma experiência que tive no Dia de
Natal:
Estávamos distribuindo brinquedos
e algumas cestas básicas pelos bairros da cidade, quando de repente uma mulher da
janela de uma casa simples pediu um brinquedo para sua filha: Papai Noel disse
a senhora: Pede a ela para vir pegar aqui! – Ela respondeu: “Ela não pode,
esta aqui na cama!”. - E foi aí que
começou a nossa história!
Papai Noel chegou até a janela e viu
uma menina deitada em uma cama. Logo que ela o viu seus olhinhos brilharam. Ele
pegou uma boneca para doar para ela, mas movido por Deus perguntou: Você deixa
eu ir até você? Sim, afirmou ela com a cabeça.
Ela estava deitada e sua mãe logo
a colocou sentada.
Posso me sentar ao seu lado,
pergunta o Papai Noel. Ela novamente consentiu.
Quem fora dar o presente não
imaginava que seria presenteado.
A “menina” na verdade tinha 36
anos e nunca andara com suas próprias pernas.
As lágrimas desceram dos olhos do
Papai Noel!
Deu-lhe a boneca e perguntou:
Posso orar por você? E começou a orar em silêncio. De repente tudo se foi, um
silêncio tomou conta do lugar, sentiu como se a quietude em que vivem os Irmãos
se instalassem ali, se sentiu em um outro mundo.
A menina não andava mas conduziu
Papai Noel por ruas, vilas, cidades, rios, montanhas tirando-o do chão por
várias vezes.
Assim ele constatou que nem
sempre são as pernas que nos conduzem, mas a nossa alegria de viver. Alegria
que saltava aos olhos daquela que nunca dera um passo na vida. E ele aprendeu a
andar tão cedo. A vida tem dessas coisas.
Aquela menina que nunca dera um
passo parecia peregrinar constantemente pelos caminhos da vida, diferente de
muitos que morrem em seu mundo de melancolia e tristeza.
Sua energia era contagiante. Seu
sorriso quase surreal. Sua alegria transcendia o pequeno quarto. Ela parecia
ser como o vento que viaja sem fim, sem nunca ser aprisionado pelas barreiras
da vida.
Papai Noel desejou que muitas
pessoas que reclamam por pequenas coisas pudessem assistir aquela cena. Viver
aquele momento.
Desejou que muitas pessoas que
criam seus fantasmas e se trancam em redomas de vidro, sempre expostas as
intempéries do tempo, com risco de se arranharem e se quebrarem aprendessem o
que é a fé em Deus, a gratidão pela vida que dEle se recebe.
A menina parece que veio ao mundo ensinar aos
outros a caminhar mesmo sem nunca ter dado um passo se quer.
Seu corpo retorcido pela
deformidade da doença parecia ter uns 16 anos, menos da metade do que realmente
tinha. Sua alegria de viver preservava seu corpo, não permitia que as rugas
invadissem seu semblante.
Sua felicidade fazia com que ela
saltitasse na cama e planasse no ar. Parecia um anjo que mesmo sem asas voava
nas graças da vida.
Estar com ela fez com que todos os
presentes se unissem na oração e que juntos sentissem seus corações baterem em
um só compasso, que a alegria neles habitassem.
Ao saírem do quarto uma certeza ficou: Não temos o direito de reclamar
das pequenas dores e nunca devemos deixar de dar graças pela graça da vida que
recebemos, indiferente das circunstância em que nos encontramos, pois Deus
sempre repousa Suas mãos sobre os seus filhos e sempre dá-lhes o cobertor
conforme o frio.
Aquela menina me ensinou a
caminhar. Me ensinou que para caminhar não é preciso sair do lugar, basta
acreditar em Deus, deixar-se ser levado por Suas mãos, pelas asas do vento da
imaginação. Nos garantiu que nossa mente pode nos conduzir aos jardins a
contemplar suas flores, ou nos atirar nos espinhos, a sentir as pontas
dilacerarem a nossa carne. A escolha sempre será nossa.
Sem que eu esperasse vi em seus
olhos a alegria da vida, que muitas vezes se oculta nos olhos de quem vive a
reclamar da graça da vida.
Sei que se existem anjos, ela é
um deles. Voa como as borboletas por entre as flores da vida e como as águias
pelas montanhas remotas.
Nada como os peixinhos dos rios e
como as grande baleias transoceânicas.
Aquela menina sabe viver, ela
deveria servir de exemplo para os que vivem a reclamar da vida. Para aqueles
que vivem a se torturar em seus castelos de ouro gerando as doenças da alma.
Acho que quem reclama da vida,
quem se sente infeliz, quem se abate nos pequenos tropeços deveria conhecê-la,
deveria visitar um hospital de crianças portadoras de câncer e outras doenças
terminais. Deveria buscar Deus dentro de si. Assim quem sabe se libertaria da
pequenez de suas almas e acenderia aos espaços siderais de seu espírito.
Para ser curado ou ter amenizada
as suas dores é preciso querer: “Jesus sempre perguntava: Queres ser curado?” E
eu te pergunto: O que responderias? Sabendo que só a tua fé te salva.
Pense e responda para si mesmo!
Afinal Deus está dentro de ti!
Fr. A.N.
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